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Espermidina: um Poderoso Agente Antienvelhecimento

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Benefícios Antienvelhecimento Especiais da Espermidina

Um fator nutricional muito interessante para desafiar o envelhecimento é um aminoácido especial conhecido como espermidina. Como o nome sugere, a espermidina foi descoberta inicialmente no sêmen humano em 1876 pelo famoso cientista holandês Anton Van Leeuwenhoek, comumente conhecido como "pai da microbiologia". A espermidina é muito importante para o funcionamento do esperma, mas também tem um papel significativo nas células do corpo. 

A espermidina combate o processo de envelhecimento através de diversos mecanismos biológicos. Mas seu papel como potencializadora de um processo chamado autofagia, além de ajudar no funcionamento das mitocôndrias (os compartimentos celulares que geram energia) são fatores essenciais que produzem resultados significativos contra o envelhecimento e serão discutidos nesse artigo.

A aplicação prática desses efeitos é usar uma dieta rica em espermidina ou a suplementação de espermidina como uma estratégia antienvelhecimento. 

A administração de espermidina amplia a expectativa de vida em modelos de envelhecimento em estudos com animais (seja fornecendo ao longo da vida toda, ou somente mais tarde). Em humanos, manter os níveis de espermidina ao longo de toda a vida contribui para a longevidade. Os níveis sanguíneos de espermidina e do seu metabólito espermina em pessoas com idades entre 60 e 80 anos são mais baixos do que em pessoas com menos de 50 anos. Porem, uma observação interessante é que pessoas com mais de 90 anos apresentam níveis similares a pessoas com menos de 50 anos. Esse achado implica em uma correlação entre níveis mais altos de espermidina e uma vida mais longa.

O Que a Espermidina Faz?

Apoia o funcionamento celular

A espermidina tem um papel essencial no funcionamento e sobrevivência celular. Ela é necessária para ativar moléculas essenciais envolvidas em: 

  • Crescimento celular
  • Estabilidade do DNA
  • Transcrição de informações genéticas
  • Produção de proteínas no corpo

Reforço da saúde imunológica

A espermidina também tem um papel significativo na resposta imune e no sistema antioxidante, especialmente na proteção dos lipídeos de membrana e do DNA.

Ativação do Metabolismo

Além disso, a espermidina ativa uma importante controlador do metabolismo, uma enzima conhecida como proteína quinase ativada por AMP (AMPk). A atividade do AMPk tem um papel central no metabolismo energético e também está relacionada à expectativa de vida. Com o envelhecimento, a ativação do AMPk celular diminui, levando a resistência à insulina, prejuízos ao fígado, acúmulo de gordura abdominal (visceral) e perda de massa muscular (sarcopenia). A ativação de AMPk pode ser um efeito antienvelhecimento central da espermidina. 

Apoio Antienvelhecimento

Porém, quando pensamos em seus efeitos antienvelhecimento, a maioria das pesquisas foca na espermidina como um melhorador da autofagia e do funcionamento mitocondrial. 

O Que é a Autofagia?

Autofagia se traduz em se "autoconsumir" É um processo de limpeza celular no qual os subprodutos celulares acumulados são levados a compartimentos das células conhecidos como lisossomos, para que sejam destruídos e possivelmente utilizados.

A autofagia é o processo de controle de qualidade da célula, eliminando dejetos, restos, micro-organismos e compostos indesejáveis. Ela também reutiliza compostos que podem ser recuperados. 

As pesquisas científicas sobre a importância da autofagia são relativamente recentes. Em 2016, o biólogo japonês Yoshinori Ohsumi ganhou o Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina por sua descoberta dos mecanismos da autofagia.

Benefícios da Espermidina Para a Longevidade

O aumento da autofagia já foi encontrado em pessoas centenárias de saúde excepcional e parece ser um alvo essencial para ter uma vida mais longa e saudável. A genética tem um papel na autofagia, mas pode ser consideravelmente influenciada pela expressão dos genes da autofagia através de dieta, estilo de vida e suplementos alimentares. A espermidina está se estabelecendo como um fator alimentar essencial para aumentar a função da autofagia.

A espermidina aumenta a autofagia através de sua ação em vários genes que promovem a autofagia, incluindo o gene da autofagia (ATG5). Pessoas com maior expressão desse gene podem viver mais. A expressão de ATG5 é reduzida em resposta a danos oxidativos e radicais livres, bem como funcionamento mitocondrial reduzido. Então, a espermidina parece reverter o impacto desses fatores na supressão da autofagia.

Além das evidências de estudos experimentais mostrando que o consumo de espermidina pode aumentar a longevidade, também existem estudos em humanos demonstrando que o maior consumo de espermidina está relacionado a uma taxa de mortalidade geral mais baixa. 

Em outras palavras, o alto consumo de espermidina pode aumentar a longevidade, que significa ter uma vida mais longa e saudável. A espermidina também parece promissora na proteção contra o envelhecimento, especialmente no cérebro, coração, fígado, articulações e músculos. Esses tecidos são especialmente suscetíveis aos efeitos nocivos do envelhecimento. Ao aumentar a autofagia, a espermidina combate o envelhecimento nesses e em outros tecidos.

A autofagia defeituosa acelera o envelhecimento ao aumentar os danos oxidativos. Ele também leva à perda de controle da construção de proteínas celulares, diminui a produção de energia celular ao inibir o funcionamento mitocondrial e cria outros desafos bioquímicos associados ao aumento da taxa de envelhecimento celular. Esses efeitos afetam todos os tecidos do corpo, especialmente o cérebro, já que ele é o tecido de maior atividade metabólica. A diminuição da autofagia relacionada à idade também é responsável pela sarcopenia (a perda progressiva de massa muscular e força associada à idade).

Um dos fatores essenciais para ajudar seu corpo a lidar com rejeitos celulares é prevenir sua formação e acúmulo em primeiro lugar. O envelhecimento humano acelerado é caracterizado por um estado de inflamação crônica e de baixo grau. Esse processo é chamado de "inflammaging" (envelhecimento por inflamação) e a inflamação também leva à redução da autofagia.

Existe alguns fatores de indução para "inflammaging", como um controle ruim da glicose sanguínea e a falta de fatores nutricionais essenciais para o combate à inflamação, como  ácidos graxos ômega-3, alimentos ricos em polifenois como frutas silvestres, vegetais ricos em carotenoides, etc. 

Com o "inflammaging", o funcionamento mitocondrial é reduzido, principalmente por causa de danos e estresse causados por radicais livres e pró-oxidantes. Isso leva a uma maior formação de rejeitos dentro das células. Portando, o termo "garb-aging" (envelhecimento causado pelo lixo) também é usado para descrever os efeitos do acúmulo excessivo de "lixo celular", redução da autofagia ou uma combinação dos dois. A espermidina pode ajudar a prevenir o envelhecimento por acúmulo de detritos ao agir como antioxidante e ao aumentar a autofagia. 

Fontes Alimentares de Espermidina

A espermidina é encontrada em diversos alimentos, mas em baixas quantidades. Gérmen de trigo, grãos integrais, leguminosas, alimentos de soja e cogumelos fornecem as maiores quantidades. Queijos envelhecidos e alimentos fermentados também são boas fontes, assim como fígado de frango ou boi. 

O consumo diário estimado de espermidina pelos adultos nos Estados Unidos e Europa é de aproximadamente 12,5 mg por dia. Três colheres de sopa de gérmen de trigo fornecem cerca de 5 mg de espermidina, ou cerca de 4% do consumo diário típico. 

Além do consumo através da alimentação, a espermidina também é formada no corpo. Uma rota é através do aminoácido ornitina, através de seu metabólito putrescina. Essa rota envolve converter a putrescina em espermidina através da enzima espermidina sintase. A espermidina pode ser transformada em espermina e reconvertida a espermidina novamente. Apesar e a espermiina, espermina e putrescina se interconverterem, a espermidina é a poliamina predominante e mais crucial para a fisiologia celular humana. 

As bactérias do intestino também são capazes de produzir espermidina e outras poliaminas. Já que nem todas as bactérias intestinais produzem poliaminas, diferentes composições de microbioma podem ser mais favoráveis para a produção de espermidina. A espermidina apresenta diversos efeitos benéficos para o revestimento intestinal, incluindo o aumento da longevidade celular, recuperação de danos ao epitélio intestinal e melhora na energia celular.

Benefícios do Suplemento de Espermidina

A suplementação comespermidina é uma maneira viável de aumentar o consumo de espermidina. É interessante notar que quando voluntários saudáveis ingeriram 15 mg por dia de espermidina, isso afetou significativamente os níveis de espermina no plasma sanguíneo, mas não afetou os níveis de espermidina ou putrescina. A espermina é transportada no sangue para tecidos do corpo, onde grande parte é convertida novamente em espermidina. A espermina também possui alguns benefícios.

Além de diversos estudos (experimentais e em humanos indicando que o maior consumo de espermidina previne o declínio cognitivo relacionado à idade, diversos estudos clínicos com extratos de gérmen de trigo concentrados em espermidina demonstraram resultados positivos em idosos que apresentavam declínio de memória e funcionamento cognitivo. 

O estudo duplo-cego mais recente focou no efeito do consumo de espermidina em 85 indivíduos com idades entre 60 e 96 anos, provenientes de seis casas de repouso. Um grupo recebeu um pão de grãos (pão A) e cada unidade continha 3,3 mg de espermidina. O segundo grupo recebeu pães feitos om farelo de trigo em vez do gérmen de trigo (pão B), que forneceu 1,9 gramas de espermidina por pão. Além dos testes de memória, amostras de sangue foram coletadas para medir os níveis de espermidina. Os resultados demonstraram uma correlação clara entre o consumo de espermidina, níveis sanguíneos de espermidina e aumento do desempenho cognitivo e da memória. Com base nos resultados e em análises de sangue, a dosagem diária mínima de espermidina necessária para demonstrar melhora foi calculada em 3,3 mg (cerca de duas colheres de sopa de gérmen de trigo). Já foi provado que essa determinação é muito importante.

Outro estudo clínico duplo-cego, randomizado, controlado por placebo mostrou que três meses de suplementação de espermidina preveniu a perda de memória em pessoas idosas (dosagem de 1,2 mg de espermidina por dia). Esses resultados animadores levaram a um teste clínico randomizado controlado de 12 meses conhecido como "SmartAge Trial". Ele determinou o impacto da suplementação de espermidina no funcionamento cerebral e biomarcadores associados em pacientes afetados por declínio cognitivo em um período mais extenso. Porém, a dosagem diária de espermidina era somente 0,9 mg por dia nesse estudo e não foi observada melhora estatisticamente significativa no SmartAge Trial. Como mencionado acima, o limite para efeitos positivos com a suplementação de espermidina é estimada em 3,3 mg por dia. Porém, a dosagem não foi suficiente para produzir um benefício perceptível.

Existe outro estudo sobre o consumo de espermidina que é importante discutir em relação à saúde cerebral. O estudo avaliou o consumo de espermidina e aderência à Dieta do Mediterrâneo em idosos com declínio cognitivo. O estudo avaliou medidas estruturais do cérebro com a ajuda do imageamento por ressonância magnética (MRI). Tipicamente, à medida que as pessoas envelhecem, há perda de mudanças estruturais críticas no cérebro, como o volume cerebral total, volume do hipocampo e espessura cortical. 

O maior consumo de espermidina foi positivamente associada à melhora nas medidas estruturais em todos eles. Ela aumentou os benefícios vistos na Dieta do Mediterrâneo para a manutenção da saúde cerebral durante o processo de envelhecimento.  

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