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Atualizado em julho de 2022 / Publicado originalmente em 2017
A astaxantina é um pigmento carotenoide vermelho muito intenso encontrado predominantemente na vida marinha. Existem mais de 400 membros diferentes da família de pigmentos carotenoides na natureza. Historicamente, a potência de um carotenoide na melhoria da saúde humana era baseada na sua capacidade de ser convertido em vitamina A. Por exemplo, o pigmento que faz com que as cenouras sejam cor de laranja, o betacaroteno, tem o maior valor de vitamina A e durante muito tempo foi considerado o carotenoide mais importante. No entanto, agora se sabe que alguns dos carotenoides mais importantes para a saúde humana não são convertidos em vitamina A de forma alguma.
De todos os carotenoides não precursores da vitamina A, a astaxantina leva a coroa. Isso ocorre por causa dos seus benefícios e ações únicos na promoção da saúde e na proteção contra danos celulares, especialmente no cérebro e no sistema vascular.
A concentração mais rica de astaxantina é encontrada numa microalga conhecida como Haematococcus pluvialis. Quando as algas são consumidas por salmões, lagostas, camarões, krills e outros animais marinhos, a intensa pigmentação vermelha faz com que esses animais tenham carne ou conchas externas vermelhas ou cor-de-rosa.
A astaxantina é essencial para a sobrevivência desses organismos. Por exemplo, a astaxantina é necessária pelas próprias microalgas para se protegerem contra os danos produzidos durante a fotossíntese — a conversão da luz solar em energia química. Sabe-se, também, que os salmões jovens morrem ou não se desenvolvem adequadamente sem uma ingestão suficiente de astaxantina em sua dieta. A astaxantina também fornece alguma proteção para alguns animais, tornando-os menos visíveis em águas profundas, onde o segmento vermelho do espectro de comprimento de onda da luz visível não penetra. O pigmento vermelho também desempenha um papel no comportamento de acasalamento e de desova.
Embora a astaxantina seja encontrada em suplementos de salmão, ovas de arenque ou óleo de krill, as quantidades nessas fontes são muito menores do que as provenientes de extratos de H. pluvialis. Por exemplo, o nível de astaxantina que ocorre naturalmente numa cápsula de óleo de peixe ou de krill está na faixa de 100 mcg (0,1 mg). Essa quantidade é pequena quando comparada com os 4 a 12 mg por cápsula encontrados na maioria dos suplementos de astaxantina derivados de H. pluvialis.
Para produzir astaxantina natural, grandes tanques internos ou plantações em tubos de vidro ao ar livre devem cultivar H. pluvialis sob condições ideais que aumentem a produção de astaxantina. Essas medidas também previnem a contaminação ambiental. Após o H. pluvialis ter produzido astaxantina, métodos de extração são usados para liberar a substância da parede celular espessa das algas e concentrá-la.
Existem outras fontes de astaxantina no mercado, mas essas formas são produzidas a partir de síntese química ou de leveduras geneticamente modificadas (Xanthophyllomyces dendrorhous, anteriormente Phaffia rhodozyma). Essas formas sintéticas são aprovadas como aditivos para rações e costumam ser fornecidas a salmões na psicultura para que eles fiquem com carne de cor vermelha, mas a estrutura das formas sintéticas é diferente daquela da astaxantina natural. Como a forma sintética é 20 vezes menos eficaz como antioxidante, é improvável que tenha os mesmos benefícios que a astaxantina natural.1
É um pouco clichê se referir a diversos compostos naturais como antioxidantes. Sim, a astaxantina tem atividade antioxidante e ajuda a prevenir o dano oxidativo que contribui para condições como envelhecimento, resistência à insulina, doenças cardiovasculares e doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. E sim, muitos outros antioxidantes naturais também fazem isso. Mas a astaxantina é um pouco diferente de um antioxidante e exerce benefícios adicionais para proteger as células.2
Primeiro, em relação às ações antioxidantes gerais na proteção das membranas celulares, a astaxantina exerce efeitos significativamente mais fortes do que muitos antioxidantes populares.
Como um protetor contra danos oxidativos, a astaxantina é:
Na eliminação de radicais livres, a astaxantina é:
Além dessa atividade antioxidante superior, a astaxantina tem algumas propriedades especiais que a tornam muito mais funcional como antioxidante. A primeira a mencionar nesse sentido é que um dos aspectos singulares da astaxantina se relaciona ao seu tamanho e à forma como ela se encaixa nas membranas celulares. Ela é consideravelmente maior/mais longa do que outros carotenoides populares. Seu tamanho e forma física permitem que ela seja incorporada nas membranas celulares, onde é capaz de abranger toda a espessura da membrana. Isso permite que a astaxantina não apenas proteja a membrana celular interna e externa contra danos oxidativos, como também estabilize as membranas celulares.2,3
Esse efeito estabilizador da membrana é muito importante nos glóbulos vermelhos. Como os glóbulos vermelhos são mais suscetíveis a serem danificados pelo ataque oxidativo à medida que envelhecemos, isso pode levar à distribuição prejudicada de oxigênio aos tecidos do corpo. Um benefício adicional é que a astaxantina também melhora significativamente o fluxo sanguíneo. Geralmente, quanto melhor a oxigenação do tecido, melhor a função das células individuais e do tecido como um todo.
Todos esses efeitos foram demonstrados num estudo duplo-cego com 40 jogadores de futebol do sexo masculino designados aleatoriamente para tomar astaxantina (4 mg) ou um placebo diariamente. Após 90 dias, os resultados mostraram uma série de benefícios com a astaxantina, incluindo um aumento dos níveis de IgA secretora salivar, indicando melhora da função imunológica; uma diminuição no equilíbrio pró-oxidante-antioxidante, mostrando atividade antioxidante funcional significativa; uma diminuição nos níveis de enzimas musculares, mostrando proteção contra danos musculares induzidos pelo exercício; e uma contenção significativa da resposta inflamatória sistêmica, conforme observado por uma redução no nível de proteína C reativa, que é um marcador sanguíneo bem aceito para inflamação.4
As pesquisas científicas sobre a astaxantina incluem mais de 50 estudos clínicos e experimentais. Os resultados dessas pesquisas mostraram que a astaxantina é útil na:
Um dos atributos especiais da astaxantina é a sua capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e hemato-retiniana para proteger o cérebro e os olhos. Esse efeito é bastante incomum para carotenos. Por exemplo, carotenos populares como o betacaroteno e o licopeno não atravessam nenhuma das duas barreiras. Esse efeito da astaxantina, bem como algumas ações protetoras das células cerebrais contra inflamação, indicam que ela pode ser particularmente útil na melhoria da saúde cerebral e ocular e na proteção do cérebro contra a doença de Alzheimer, a degeneração macular e outras doenças degenerativas do cérebro e dos olhos.14
A astaxantina também promove o crescimento de novas células cerebrais e a "plasticidade" cerebral geral, que é a capacidade do cérebro de responder a diferentes estímulos. Esses efeitos da astaxantina explicam por que ela não apenas preserva a função cerebral durante o processo de envelhecimento, mas também melhora a função cerebral. Por exemplo, em um ensaio clínico duplo-cego controlado por placebo, 96 idosos ou indivíduos saudáveis de meia-idade foram selecionados aleatoriamente para tomar um placebo, 6 mg de astaxantina por dia ou 12 mg de astaxantina por dia durante doze semanas. Foram encontradas melhorias na pontuação na bateria de testes mentais, conhecidos como CogHealth, no grupo que tomou 12 mg após 12 semanas. Melhorias haviam sido observadas anteriormente em um teste de aprendizagem nos grupos que tomaram 6 mg e 12 mg de astaxantina.15
Numerosos estudos clínicos demonstraram que a astaxantina protege a pele contra os danos causados pelo sol e aumenta a função de barreira da pele.16
Por último, a astaxantina também demonstra efeitos significativos de melhoria imunológica. Em um ensaio clínico duplo-cego com mulheres jovens e saudáveis com uma média de pouco mais de 20 anos, elas foram separadas em três grupos diferentes: o grupo controle tomou um placebo, enquanto os dois grupos de tratamento tomaram 2 mg de astaxantina por dia ou 8 mg por dia durante oito semanas. Os resultados mostraram que, em qualquer uma das duas dosagens, a astaxantina:13
O intervalo posológico para a astaxantina é de 4 a 12 mg por dia.
Não há efeitos colaterais conhecidos ou interações medicamentosas nos níveis de dosagem recomendados.
Referências:
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