As suas preferências desta sessão foram atualizadas. Para alterar permanentemente as configurações da sua conta, acesse
Lembre-se de que é possível atualizar o país ou o idioma de sua preferência a qualquer momento em
> beauty2 heart-circle sports-fitness food-nutrition herbs-supplements pageview
Clique para ver nossa Declaração de Acessibilidade
App da iHerb
checkoutarrow
BR

Kava-Kava – Uma Erva Natural com Promissores Efeitos Contra a Ansiedade

35,749 Visualizações

anchor-icon Índice dropdown-icon
anchor-icon Índice dropdown-icon

O que é Kava?

kava (também conhecida por kava-kava ou Piper methysticum) é uma erva com um longo histórico de uso cerimonial na Oceania. A bebida tradicional era preparada a partir de uma maceração em água fria das raízes da kava. Geralmente, o consumo de kava fornece um efeito distinto de relaxamento, sem ser intoxicante ou alucinógeno, apesar de quantidades excessivas poderem causar vômito e dores de cabeça. O uso tradicional da planta na Oceania é popular e tem se mantido até hoje.

Benefícios da Kava Para a Saúde

Efeitos de Combate à Ansiedade

A kava contém compostos conhecidos como kavalactonas. Apesar de nosso conhecimento sobre o assunto ainda ser incompleto, a kava aparenta ter várias atividades relevantes que contribuem para seus efeitos e propriedades relaxantes.

Assim como outros nervinos tradicionais, como valerianapassifloralavanda e erva-cidreira, a kava também apresenta efeitos sobre o neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA). O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central, com a capacidade de desacelerar a atividade cerebral. Apesar de as kavalactonas só se ligarem aos receptores de GABA de forma fraca, elas aparentam fortalecer a ligação de outras moléculas. Através do fortalecimento na ligação dessas outras moléculas, a kavalactona provavelmente aumenta a atividade do GABA.

Porém, ao contrário de outros nervinos comuns, a kava também tem um efeito potente nos canais de sódio dependentes de voltagem (CIDV's). Os CIDV's são canais encontrados nas membranas celulares que são importantes para a função nervosa geral. Os sinais elétricos são propagados através dos nervos quando os canais de sódio se abrem, produzindo um impulso nervoso. As kavalactonas parecem bloquear os canais de sódio, reduzindo a atividade cerebral e nervosa geral. Esse efeito, em combinação com o aumento da ligação dos receptores de GABA, provavelmente explica os efeitos de combate à ansiedade das fórmulas de kava.

Efeitos Anti-inflamatórios e Anticoagulantes

Antigos estudos em animais, realizados por volta dos anos 60, começaram a demonstrar efeitos anti-inflamatórios significativos da erva. A pesquisa mostrou uma redução nas inflamações no uso de kava durante a exposição a vários compostos e à luz ultravioleta.

O fator de necrose tumoral (TNF-alfa) é uma conhecida molécula sinalizadora inflamatória. Em várias doenças autoimunes, os tratamentos farmacêuticos padrão envolvem a inibição do TNF-alfa. Várias kavalactonas da kava aparentam suprimir o TNF-alfa. As endotoxinas são compostos encontrados nas membranas externas de bactérias gram-negativas, que induzem fortes respostas inflamatórias. Em ratos que receberam uma dose letal de endotoxinas, a kava foi capaz de torná-los imunes ao que, em condições normais, seria uma resposta inflamatória letal.

Esse efeitos anti-inflamatórios também aparentam incluir a redução de casos de coagulação sanguínea estimulados por inflamações. Os efeitos parecem ocorrer através da inibição dos caminhos inflamatórios mediados pelo ácido araquidônico, uma gordura pró-inflamatória.

Efeitos de Suporte ao Sono

Os tratamentos para a ansiedade costumam ser benéficos para a insônia e vice-versa. Apesar de haver exceções, como a melatonina, que só deve ser usada para o sono, a maioria dos tratamentos naturais para a ansiedade e a insônia é intercambiável até certo grau. Os medicamentos farmacêuticos padrão usados para induzir o sono também costumam ser prescritos para a ansiedade.

Assim, não deve ser uma grande surpresa que alguns dos testes clínicos para melhorar a insônia com kava também tenham encontrado benefícios. Um estudo piloto que explorou a kava e a valeriana em casos de insônia induzida por estresse descobriu benefícios com os dois tratamentos. Tanto os níveis de estresse quanto os de insônia foram reduzidos com o uso de kava e valeriana.

Um estudo duplo-cego e controlado por placebo avaliou o uso de kava em casos de distúrbios do sono ligados à ansiedade. Os pesquisadores descobriram que a kava melhorou o sono e reduziu a ansiedade durante o período de quatro semanas do estudo. Um estudo amplo realizado pela internet descobriu que a kava não foi significativamente melhor que um placebo para a insônia, porém, isso pode ter ocorrido porque o tratamento com placebo teve amplos efeitos. Tanto a kava quanto o placebo resultaram em uma redução para cerca de metade dos graus de severidade de insônia no estudo.

Mais pesquisas são necessárias para avaliar completamente os efeitos da kava sobre a insônia. Porém, reconhecendo que a kava possui propriedades estabelecidas de redução de ansiedade na pesquisa publicada, parece provável que ela possa fornecer um certo alívio de sintomas, pelo menos em um conjunto de pacientes com distúrbios do sono.

Kava em Pó e Bebida Sobre a Mesa

‌‌‌‌Pesquisas Sobre os Efeitos de Combate à Ansiedade da Kava em Humanos

Os estudos sobre os benefícios de combate à ansiedade da kava em humanos aparentam demonstrar efeitos ligeiramente consistentes. As recomendações para o uso da planta de forma terapêutica para a ansiedade datam de mais de 100 anos, com base em observações do uso tradicional.

Um dos primeiros testes duplo-cegos foi realizado na Alemanha em 1991. O estudo encontrou uma redução significativa nos graus de ansiedade depois de apenas uma semana, e as melhoras continuaram durante um mês. O tratamento foi bem tolerado e sem efeitos adversos. Um estudo mais amplo, realizado em 1997, durou ainda mais, 25 semanas, e encontrou benefícios significativos com efeitos colaterais mínimos.

Um estudo separado, duplo-cego e controlado por placebo avaliou a transição dos medicamentos padrão para a ansiedade, conhecidos como benzodiazepinas, para a kava. Os pesquisadores descobriram uma boa eficácia, tolerabilidade e melhora no grau de ansiedade na transição para a kava.

Apesar de um pequeno teste com kava para o distúrbio de ansiedade generalizada não ter encontrado benefícios significativos, tratava-se de um estudo pequeno e a resposta do placebo foi robusta. Os indivíduos com ansiedade no estudo melhoraram ao usar kava, porém, os que receberam o tratamento com placebo também melhoraram. Um pequeno estudo separado, focando em mulheres no período de pós-menopausa, encontrou uma redução na ansiedade com o uso de kava depois de um mês, com uma redução ainda maior aos três meses. Uma das principais antíteses a esses resultados foi um estudo baseado na internet que encontrou efeitos mínimos da erva.

Um teste mais amplo e com menor dose, utilizando metade da quantidade padrão de tratamento com kavalactonas, também encontrou alguns benefícios para a ansiedade neurótica. Porém, com a dose mais baixa, as melhoras não foram tão consistentes quanto nos testes anteriores. Em seguida, um estudo mais recente avaliou o tratamento com uma dose menor de kava para casos de ansiedade. Até com doses mais baixas, ainda foi descoberto que o tratamento é efetivo na redução da ansiedade e é efetivo.

Apesar de existirem alguns testes negativos adicionais, revisões costumam confirmar que a kava aparenta reduzir a ansiedade, com um autor afirmando que ela possui um "efeito ansiolítico claro". Outras revisões recentes afirmam que, apesar de mais pesquisas serem necessárias, a kava pode ser promissora para o tratamento da ansiedade e pode ser uma opção para o tratamento da ansiedade a curto prazo, entre 4 e 8 semanas.

‌‌Segurança e Toxicidade

Qualquer discussão sobre o uso medicinal da kava também deve incluir uma discussão sobre a segurança. Apesar de o uso tradicional de kava não ter sido associado a problemas do fígado, casos raros de danos hepáticos, insuficiência hepática e morte foram relatados com o uso de alguns extratos de kava. Apesar de preocupantes, é importante lembrar que esses casos são raros, muito mais raros que a toxicidade ao fígado de alguns medicamentos tradicionais e de uso comum, incluindo antibióticos, antiepilépticos e medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINES).

Dentre os casos relatados de toxicidade ao fígado, a Organização Mundial da Saúde revisou os dados em 2008. Houve 93 casos, com apenas 8 tendo como causa provável o consumo de kava; 53 outros casos apresentaram a possibilidade desse consumo, porém, também incluíram fatores concomitantes.

Na revisão dos casos, foi notado que o consumo concomitante de álcool em combinação com a kava pode ser um fator de risco para danos ao fígado. Para qualquer pessoa que consuma kava, é recomendado abster-se de misturar a erva com álcool.

Também há indicações da possibilidade de que as fórmulas que causaram problemas foram produzidas por métodos diferentes do uso tradicional, e usando variedades da planta que não costumam ser utilizadas para o consumo humano. Tradicionalmente, os preparos são feitos com a maceração em água fria das raízes da kava "nobre".

‌‌‌‌Kava Nobre e Kava Tu Dei

Os casos de toxicidade ao fígado também parecem seguir uma alteração no tipo de kava que está sendo produzida e exportada. A kava nobre era usada para cerimônias tradicionais, levando pelo menos quatro anos entre o cultivo e a colheita. Infelizmente, devido à alta demanda, um dos principais produtores de extrato de kava começou a explorar outras variedades da planta que cresce em Vanuatu – a principal ilha de produção comercial de kava.

Depois da análise química, descobriu-se que a kava "tu dei" crescia mais rapidamente e apresentava um conteúdo de kavalactonas mais alto. Era ilegal exportar essa variedade de kava para o consumo humano, e ela nunca foi usada em cerimônias tradicionais. Porém, as regulamentações foram ignoradas e a planta foi utilizada para fazer extratos de kava com acetona. Os primeiros casos de toxicidade ao fígado apareceram pouco depois.

Os testes clínicos da kava que apresentaram um uso seguro e efetivo da erva foram quase que exclusivamente realizados com extratos alcoólicos da kava nobre. Dentre todos os testes clínicos, 14.114 indivíduos receberam preparos de kava sem nenhuma indicação de problemas ou toxicidade ao fígado. Os estudos, no geral, demonstraram que a kava é segura e bem tolerada. Dito isso, para garantir a segurança, pessoas com problemas hepáticos conhecidos devem evitar produtos à base de kava. Além disso, a dosagem de kava nunca deve exceder os valores recomendados.

‌‌‌‌Conclusão

A kava é uma erva fascinante e com um longo histórico de uso seguro e tradicional. As pesquisas aparentam indicar efeitos significativos de combate à ansiedade, porém, a planta parece mais apropriada para o uso a curto prazo. Quando as plantas mais adequadas são usadas e processadas corretamente, a kava aparenta ser segura.

Apesar de haver casos raros de toxicidade ao fígado, a literatura sugere que esses casos são associados à kava tu dei, possivelmente preparada com extratos de acetona, que nunca foi autorizada para a exportação e o uso por humanos. Assim como qualquer produto vegetal, é importante adquirir a erva de produtores com boa reputação para minimizar os riscos.

Referências:

  1. Thomsen M, Schmidt M. Health policy versus kava (Piper methysticum): Anxiolytic efficacy may be instrumental in restoring the reputation of a major South Pacific crop. J Ethnopharmacol. 2021;268:113582. doi:10.1016/j.jep.2020.113582
  2. Singh YN, Singh NN. Therapeutic potential of kava in the treatment of anxiety disorders. CNS Drugs. 2002;16(11):731-743. doi:10.2165/00023210-200216110-00002
  3. Bruni O, Ferini-Strambi L, Giacomoni E, Pellegrino P. Herbal Remedies and Their Possible Effect on the GABAergic System and Sleep. Nutrients. 2021;13(2):530. Published 2021 Feb 6. doi:10.3390/nu13020530
  4. MEYER HJ. ANTAGONISTISCHE WIRKUNGEN GENUINER KAWA-PYRONE BEI EXPERIMENTELLEN ENTZUENDUNGEN UND FIEBER [ANTAGONISTIC EFFECTS OF GEUNINE KAWA PYRONES IN EXPERIMENTAL INFLAMMATIONS AND FEVER]. Klin Wochenschr. 1965;43:469-470. doi:10.1007/BF01483859
  5. Pollastri MP, Whitty A, Merrill JC, Tang X, Ashton TD, Amar S. Identification and characterization of kava-derived compounds mediating TNF-alpha suppression. Chem Biol Drug Des. 2009;74(2):121-128. doi:10.1111/j.1747-0285.2009.00838.x
  6. Bian T, Corral P, Wang Y, et al. Kava as a Clinical Nutrient: Promises and Challenges. Nutrients. 2020;12(10):3044. Published 2020 Oct 5. doi:10.3390/nu12103044
  7. Gleitz J, Beile A, Wilkens P, Ameri A, Peters T. Antithrombotic action of the kava pyrone (+)-kavain prepared from Piper methysticum on human platelets. Planta Med. 1997;63(1):27-30. doi:10.1055/s-2006-957597
  8. Kinzler E, Krömer J, Lehmann E. Wirksamkeit eines Kava-Spezial-Extraktes bei Patienten mit Angst-, Spannungs-, und Erregungszuständen nicht-psychotischer Genese. Doppelblind-Studie gegen Plazebo über 4 Wochen [Effect of a special kava extract in patients with anxiety-, tension-, and excitation states of non-psychotic genesis. Double blind study with placebos over 4 weeks]. Arzneimittelforschung. 1991;41(6):584-588.
  9. Volz HP, Kieser M. Kava-kava extract WS 1490 versus placebo in anxiety disorders--a randomized placebo-controlled 25-week outpatient trial. Pharmacopsychiatry. 1997;30(1):1-5. doi:10.1055/s-2007-979474
  10. Malsch U, Kieser M. Efficacy of kava-kava in the treatment of non-psychotic anxiety, following pretreatment with benzodiazepines. Psychopharmacology (Berl). 2001;157(3):277-283. doi:10.1007/s002130100792
  11. Connor KM, Davidson JR. A placebo-controlled study of Kava kava in generalized anxiety disorder. Int Clin Psychopharmacol. 2002;17(4):185-188. doi:10.1097/00004850-200207000-00005
  12. Cagnacci A, Arangino S, Renzi A, Zanni AL, Malmusi S, Volpe A. Kava-Kava administration reduces anxiety in perimenopausal women. Maturitas. 2003;44(2):103-109. doi:10.1016/s0378-5122(02)00317-1
  13. Gastpar M, Klimm HD. Treatment of anxiety, tension and restlessness states with Kava special extract WS 1490 in general practice: a randomized placebo-controlled double-blind multicenter trial. Phytomedicine. 2003;10(8):631-639. doi:10.1078/0944-7113-00369
  14. Geier FP, Konstantinowicz T. Kava treatment in patients with anxiety. Phytother Res. 2004;18(4):297-300. doi:10.1002/ptr.1422
  15. Faustino TT, Almeida RB, Andreatini R. Plantas medicinais no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada: uma revisão dos estudos clínicos controlados [Medicinal plants for the treatment of generalized anxiety disorder: a review of controlled clinical studies]. Braz J Psychiatry. 2010;32(4):429-436. doi:10.1590/s1516-44462010005000026
  16. Smith K, Leiras C. The effectiveness and safety of Kava Kava for treating anxiety symptoms: A systematic review and analysis of randomized clinical trials. Complement Ther Clin Pract. 2018;33:107-117. doi:10.1016/j.ctcp.2018.09.003
  17. Ooi SL, Henderson P, Pak SC. Kava for Generalized Anxiety Disorder: A Review of Current Evidence. J Altern Complement Med. 2018;24(8):770-780. doi:10.1089/acm.2018.0001
  18. Lehrl S. Clinical efficacy of kava extract WS 1490 in sleep disturbances associated with anxiety disorders. Results of a multicenter, randomized, placebo-controlled, double-blind clinical trial [published correction appears in J Affect Disord. 2004 Dec;83(2-3):287]. J Affect Disord. 2004;78(2):101-110. doi:10.1016/s0165-0327(02)00238-0
  19. Jacobs BP, Bent S, Tice JA, Blackwell T, Cummings SR. An internet-based randomized, placebo-controlled trial of kava and valerian for anxiety and insomnia. Medicine (Baltimore). 2005;84(4):197-207. doi:10.1097/01.md.0000172299.72364.95
  20. Becker MW, Lourençone EMS, De Mello AF, et al. Liver transplantation and the use of KAVA: Case report. Phytomedicine. 2019;56:21-26. doi:10.1016/j.phymed.2018.08.011
  21. Brown AC. Liver toxicity related to herbs and dietary supplements: Online table of case reports. Part 2 of 5 series. Food Chem Toxicol. 2017;107(Pt A):472-501. doi:10.1016/j.fct.2016.07.001
  22. WHO, 2007. Assessment of the Risk of Hepatotoxicity with Kava Products. World Health Organization Geneva. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43630/ 9789241595261_eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y.

AVISO LEGAL: Este blog não tem a intenção de fornecer diagnóstico... Saiba mais